Clásicos • 19 Jan 2023
Como representante francés de los utilitarios de posguerra, el Renault 4CV desempeñó su papel junto a Volkswagen, Morris Minor y Fiat 600 en la reconstrucción de Europa.
El Renault 4CV fue casi un proyecto secreto durante la Segunda Guerra Mundial, llevado a cabo por Fernand Picard y Edmond Serre, en ausencia del propio Louis Renault. La discreción era esencial también porque Francia estaba bajo control alemán. Sin embargo, fue Volkswagen, un proyecto ya iniciado antes de la guerra por Ferdinand Porsche, en el que se inspiraron los técnicos franceses, tras abandonar otras combinaciones de colocación del motor y tracción. Posteriormente, ya en una fase avanzada de prototipado, Ferdinand Porsche ha sido consultado sobre el proyecto, pero no es muy probable que, en esta fase, su intervención haya condicionado el producto final.
Simple y eficaz
El Renault que necesitaban Francia y los demás mercados tradicionales del fabricante francés sería un modelo utilitario, con motor y tracción traseros, cuatro puertas, cuatro plazas y cuatro caballos fiscales, característica que requería un motor de hasta 760 cc y que daría nombre al modelo. Otras limitaciones decididas por Picard y Serre serían una velocidad máxima (80 km/h), una caja de cambios de tres velocidades, un peso de 450 kg y una longitud total de 3,7 metros, un límite que en aquella época permitía abaratar los costes de aparcamiento. El primer prototipo circuló en 1943 y a Louis Renault no le gustó. Pero su tiempo al frente de la marca que lleva su nombre estaba contado. Tras la liberación de Francia por las tropas aliadas, Renault fue acusado de colaboracionismo y murió en prisión el 24 de octubre de 1944, un mes después de su detención, cuando ya estaba bastante enfermo. Tres meses más tarde, Renault fue nacionalizada y la nueva dirección, encabezada por Pierre Lefaucheux, dio luz verde al 4CV.
Uma cor carismática
Foi apresentado em Outubro de 1946, naquele que foi o primeiro Salão Automóvel do pós-guerra. Ao princípio, não encantou o público – chamaram-lhe mesmo “motte de beurre”, que podemos traduzir por “Pacote de Manteiga”, mas tal era devido à cor amarela de algumas das primeiras unidades, pintadas com tinta que sobrou da utilizada em veículos militares para o deserto. Em pouco tempo, o 4CV mostraria que era, de facto, o modelo certo na altura certa, económico e muito fiável. A par do Citroën 2CV e do Peugeot 203, o “quattre pattes”, como era chamado no seu país de origem, foi um dos protagonistas da reconstrução da indústria automóvel francesa.
O 4CV declinou-se em versões diferentes, com níveis de acabamento também diversos, indo do Normale ao Grand Luxe, depois chegou o Sport. As versões para o trabalho, como o Comercialle (com vidros traseiros em chapa e sem bancos posteriores, para transporte de mercadorias) e Affaires, com revestimentos e equipamento simplificado. Mais tarde surgiu também uma versão Decouvrable, com tejadilho de lona, com base nas versões Luxe e Grand Luxe.
Motor com potencial
Quanto ao motor, inicialmente com 760cc, passou para 748cc, a partir de Outubro de 1950. O motivo era poder participar em competições na categoria de até 750cc. De início, a potência era de 17 cavalos e a velocidade máxima era de 90 km/h. Em Fevereiro de 1949 o tejadilho passou de direito a arredondado, com vantagem estéticas, mas também aerodinâmicas. Em 1950 dá-se a redução de capacidade do motor, mantendo a potência nas versões Normale e Luxe, mas subindo para 21 cavalos no Grand Luxe, permitindo uma velocidade máxima de 100 km/h. É também por esta altura que surgem os primeiros exemplares da raríssima série 1063. A designação é uma evolução lógica dos tipo 1060 e 1062, as designações dos modelos de série. O 1063 for produzido para a competição, com dois amortecedores por roda atrás e motor com 32 cavalos. Fizeram-se apenas 80 exemplares.
Em 1951, os amortecedores de alavanca foram substituídos por amortecedores telescópicos. A partir de 1952 passam a existir apenas duas versões: Affaires e Sport. Em 1954, a secção dianteira com seis barras passa a contar apenas com três. E somente uma, no 4CV Affaires. Todas as versões dispõem agora do motor de 21 cavalos.
31 anos de carreira
Em 1956 chega um novo tablier e surge a embraiagem automática Ferlec, em opção. Em 1958 as bonitas jantes em estrela são substituídas por jantes de prato pleno do Dauphine. A potência passa para 26 cavalos, o que permite uma velocidade superior aos 100 km/h. Em 1960 chega a caixa de velocidades mais evoluída do Dauphine. Em 1961 chegou ao fim a produção do Renault 4CV, depois de 1.089.918 exemplares. O 4CV foi ainda produzido na América do Sul (Argentina) e no Japão, através da Hino, sob licença da “Régie”. O 4CV foi o primeiro automóvel francês a atingir o milhão de unidades e lançou a base para uma longa série de modelos Renault “tudo atrás”, do Dauphine aos Renault 8 (e 10), cuja carreira só terminou em 1977, 31 anos após o lançamento do “Joaninha”. Curiosamente, com a nova geração Twingo, com motor e tracção traseiros, a Renault criou um interessante sucessor do 4CV. Mas com motores de três cilindros…